4 de ago. de 2011

SOZINHO NA BRECHA

Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei”. Ezequiel 22:30.
Nos tempos do profeta Elias...
Ainda hoje encontramos pessoas que ficam na brecha, aquelas pessoas que ainda lutam para nos manter acordados. Homens e mulheres de coragem, prontos para se levantarem e cumprirem a missão. Heróis modernos e autênticos.
Elias, Davi, Ester, Moisés e José, ao lado de Knox e outros, não tinham sequer um osso fraco em seus corpos. Eram homens e mulheres que queriam permanecer firmes contra as forças mais poderosas de seus dias, sem relutar ou ter qualquer empecilho para proclamar o nome do Senhor.
A busca continua. Nosso Senhor ainda está procurando pessoas que façam diferença. Os cristãos ousam não ser medíocres. Ousamos não sumir contra a cor do fundo ou nos misturar com o cenário neutro deste mundo. Às vezes é preciso acompanhar muito de perto e conversar por um longo tempo até que uma pessoa resolva declarar sua fidelidade a Deus. Às vezes é preciso procurar por muito tempo e com bastante cuidado para encontrar alguém que tenha a coragem de se levantar em nome de Deus. É isso o que criamos nesta época de tolerância e comprometimento?
A vida do profeta Elias nos ensina o que o Senhor quer de nós. Quero, agora, propor algumas lições podemos extrair da vida deste profeta.
A primeira delas é que Deus busca pessoas especiais em tempos difíceis. Deus precisava de um homem especial para jogar luz na escuridão daqueles dias. Mas Deus não encontrou este homem no palácio ou na corte. Não o encontrou andando de cabeça baixa na escola de profetas. Ele nem mesmo o encontrou nas casas das pessoas comuns. De todos os lugares onde procurou, Deus o encontrou em Tisbé. Um homem que se colocaria na brecha não poderia ser alguém delicado e manso: ele tinha de ser um durão.
Deus procurou alguém que tivesse uma espinha dorsal capaz de mantê-lo ereto. Alguém que tivesse a coragem de dizer: “Está errado!” Alguém que pudesse ficar ao lado do idólatra e dizer: “Deus é Deus”.
Em nossa cultura – nossas escolas, escritórios, fábricas, refeitórios, salas de reunião, corredores ou tribunais – precisamos de homens e mulheres de Deus, jovens de Deus. Precisamos de profissionais, atletas, pedreiros, professores, figuras públicas e cidadãos comuns responsáveis que promovam as coisas de Deus, que fiquem em pé – eretos, fortes, firmes diante de Deus!
Qual é a estatura de sua integridade? Você corrompeu seus princípios apenas para permanecer nos negócios? Para conseguir uma boa nota? Para fazer parte do time? Para estar com o pessoal in? Para subir um posto na hierarquia? Você fechou os olhos e os ouvidos para a linguagem ou o comportamento que há alguns anos o deixariam corado e horrorizado? Será que agora, neste exato momento, você não está moralmente comprometido porque não quer ser tachado de puritano?
Aqueles que encontram conforto na corte de Acabe nunca se colocarão na brecha com Elias.
A segunda lição é que os métodos de Deus normalmente são surpreendentes. Deus não levantou um exército para destruir Acabe e Jezabel. Também não mandou um príncipe cintilante para defender a Sua causa ou tentar impressionar suas reais majestades. Ao invés disso, Deus fez o inimaginável: escolheu alguém como Elias!
Você está pensando agora mesmo que haveria outra pessoa mais bem qualificada para aquela curta missão? Para aquele grupo de treinamento em liderança? Para aquele culto na igreja?
Você é uma esposa e dona-de-casa que sente que sua contribuição para o reino de Deus é desprezível? Você vê outras pessoas como especiais ou chamadas ou ainda que elas têm o dom?
Você pode estar perdendo uma oportunidade de ministério bem diante de seus olhos. É bem possível que você esteja exatamente no meio de um ministério e não se tenha dado conta disso (que maior ministério pode haver, por exemplo, do que o de uma esposa e mãe que seja fiel e amorosa?). Seu ministério pode envolver apenas duas ou três pessoas e nada mais. Não despreze isso.
Os métodos de Deus são sempre surpreendentes. Na verdade acho que, às vezes, eles são até ilógicos. Eles realmente não fazem muito sentido para nossas mentes finitas. Os irmãos de Davi riram quando ele disse que se colocaria diante de Golias. Já parou para pensar em Josué, andando em volta das muralhas de Jericó, tocando aquelas trombetas? Que negócio esquisito, não?
E a terceira e última lição que desejo propor, nesta reflexão,  da vida de Elias é que nós é que nos colocamos diante de Deus. Quando você se coloca na brecha está, em última análise, se colocando diante de Deus. Estaremos prontos ou desejosos de nos colocar diante de Deus quando ele nos chamar? Será que encontrará em nós corações completamente entregues a Ele? Será Ele capaz de dizer: “Sim, este coração é completamente meu. Sim, ele está suficientemente comprometido comigo, de modo que posso usá-lo contra um Acabe qualquer. Este é o tipo de devoção que estou procurando?”.
Se seu cristianismo não coloca este tipo de aço em sua espinha dorsal, este tutano em seus ossos, há alguma coisa terrivelmente errada, seja com a mensagem que você está ouvindo, seja com seu coração. Deus está buscando homens e mulheres cujos corações estejam completamente entregues a Ele, que não se misturem com o cenário à sua volta.
Quando Charles estava no colegial, uma de suas matérias preferidas era teatro. Havia em seu grupo de teatro um colega ruivo chamado Sam que era tão bom em tudo o que fazia que ofuscava todo o restante da turma. Ele realmente era muito bom e logo se tornou objeto de ciúme entre os diversos canastrões da classe. Este problema cresceu tanto que na época da peça de conclusão de curso, no último ano de Sam, o diretor, que já estava sendo suficientemente bombardeado, disse afinal: “Tudo bem, vou dar-lhe o papel do mordomo”.
Veja bem. O mordomo não tinha uma linha sequer de fala em toda a peça. A única coisa que ele tinha fazer era ficar em pé no mesmo lugar em todos os atos e todas as cenas da peça. Não há muito o que fazer num papel desses, certo?
Bem, adivinhe só: Sam conseguiu o prêmio de melhor ator nas peças de formatura. Ele não falou uma frase, mas mostrou uma enorme variedade de expressões – movimentos, caretas, caras e bocas. Na verdade, a peça teria sido um fiasco se não fosse sua atuação. Mesmo sendo um mordomo, sem uma linha de texto para falar, ele não se deixou misturar ao cenário, anulando-se.
Quando se trata de manter-se em pé pela verdade, não há papel na vida que não tenha sua importância.
Que papel Deus lhe deu? Seja qual for, ele está dizendo: “Você está se colocando diante de mim e eu quero usar você. Quero usá-lo como meu único porta-voz em seus dias e em sua geração, neste momento e nesta época”.
Elias, aquele caipira bronco esquisito, surgido de lugar nenhum que, de repente, pisa nas páginas da história, é uma testemunha viva do valor de uma vida completamente dedicada a Deus. Um homem desconhecido que veio de um fim de mundo qualquer, chamado para se levantar contra o mal no mais violento, turbulento e decadente dos tempos.
Dê uma olhada em volta. As necessidades ainda são grandes e Deus ainda está procurando pessoas.